Dinheiro em espécie continua legal na França
Um vídeo viral no TikTok afirma que uma lei proibindo dinheiro em espécie teria sido aprovada na França. Em poucos dias, essa sequência reacendeu os temores sobre o fim do dinheiro em espécie e de uma sociedade totalmente digitalizada. No entanto, essa afirmação é falsa, pois nenhum texto legal confirma tal proibição. Por trás desse relato enganoso, um tema bem real merece atenção : o projeto do euro digital promovido pelo BCE, que visa complementar as cédulas, e não fazê-las desaparecer.
Em resumo
- Um vídeo no TikTok afirma erroneamente que uma lei proibiria o uso de dinheiro em espécie na França a partir de abril.
- Esse boato, desmentido pela ausência de texto oficial, baseia-se em conteúdos virais gerados por inteligência artificial.
- O projeto do euro digital do BCE é real, mas visa complementar o dinheiro em espécie, não eliminá-lo.
- O dinheiro em espécie continua sendo usado pela maioria dos franceses e protegido pelas instituições, como lembrou o Senado em 2024.
Um boato infundado massivamente compartilhado nas redes sociais
O vídeo na origem da controvérsia ultrapassou 240.000 visualizações no TikTok, com uma introdução notável :
Está confirmado : nova lei em abril, o dinheiro em espécie será em breve proibido em toda a França e Europa.
Esse conteúdo, que evoca uma suposta substituição das cédulas pelo euro digital, é porém desprovido de fundamento. Não se encontra nenhuma referência na lista dos textos promulgados neste mês. Além disso, a afirmação de que “o euro digital permitirá que você pague todas as suas compras sem jamais usar uma única cédula” baseia-se em uma confusão voluntária com ferramentas já existentes, como cartões bancários.
As pesquisas realizadas no TikTok revelam que esse tipo de desinformação se insere numa tendência recorrente, que recicla narrativas alarmistas desde 2023. Essa recente onda de conteúdos enganosos apresenta várias características :
- Uma origem duvidosa : difundida por canais que se dizem informativos, mas alimentados por conteúdos gerados via inteligência artificial ;
- A proliferação rápida : o assunto “proibição do dinheiro em espécie” remete a dezenas de vídeos virais em francês ;
- Uma recorrência do discurso : as mensagens alarmistas são frequentes desde o ano passado, apesar da ausência de base legal ;
- A manipulação de fatos reais : o projeto do euro digital é usado para dar credibilidade a um relato de privação da liberdade econômica.
Apesar do frenesi digital, nenhuma declaração oficial nem projeto de lei confirmam essa tese na França. O uso do dinheiro em espécie permanece legal e protegido pelas autoridades francesas, como lembrado nos debates no Senado. Assim, o recurso ao medo e à confusão parece aqui motivado mais pela busca de cliques do que pela divulgação de uma informação confiável.
O euro digital, uma ferramenta complementar e não um substituto
Ao contrário das afirmações enganosas divulgadas online, o euro digital não tem a finalidade de suplantar o dinheiro em espécie. O projeto, conduzido pelo BCE desde 2021, prevê uma moeda digital destinada a coexistir com os meios de pagamento atuais.
De acordo com os documentos oficiais, o objetivo é oferecer uma forma de pagamento complementar às cédulas e moedas. A intenção do BCE é clara :
Garantir que os cidadãos possam continuar a ter acesso a uma moeda de banco central mesmo na era digital, com o objetivo de preservar a liberdade de escolha dos consumidores.
Do ponto de vista técnico, o euro digital deve ser gratuito para os particulares, utilizável online e offline, e oferecer um alto nível de privacidade, potencialmente equivalente ao dos pagamentos em espécie.
O dinheiro em espécie continua amplamente utilizado hoje. Segundo um relatório do BCE, ele é considerado “importante” ou “muito importante” por 60 % dos franceses. O medo de uma transição forçada para o digital não é corroborado pelos fatos. No entanto, no outono de 2024, uma proposta de lei francesa que visava restringir ainda mais os pagamentos em espécie foi rejeitada pelo Senado, sob o argumento de que teria “restrito a liberdade de pagamento […] e fragilizado as pessoas sem acesso a bancos”.
Em médio prazo, a adoção do euro digital na França pode transformar certos aspectos das práticas bancárias, especialmente pela redução da dependência de intermediários privados. Contudo, o BCE assegura que pretende implementar salvaguardas, especialmente contra a vigilância excessiva das transações. Embora o lançamento esteja previsto entre 2026 e 2027, seu sucesso dependerá da aceitação social, da confiança dos cidadãos e do respeito às liberdades individuais. Nesse contexto, a vigilância permanece necessária, mas não deve ser guiada pela desinformação.
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Diplômé de Sciences Po Toulouse et titulaire d'une certification consultant blockchain délivrée par Alyra, j'ai rejoint l'aventure Cointribune en 2019. Convaincu du potentiel de la blockchain pour transformer de nombreux secteurs de l'économie, j'ai pris l'engagement de sensibiliser et d'informer le grand public sur cet écosystème en constante évolution. Mon objectif est de permettre à chacun de mieux comprendre la blockchain et de saisir les opportunités qu'elle offre. Je m'efforce chaque jour de fournir une analyse objective de l'actualité, de décrypter les tendances du marché, de relayer les dernières innovations technologiques et de mettre en perspective les enjeux économiques et sociétaux de cette révolution en marche.
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