Bitcoin passa dos 93 000 $: Próxima parada, 100K?

Desde fevereiro, o bitcoin tem se acomodado em uma fase interminável de consolidação, quase rangente, oscilando entre cansaço técnico e espera estratégica. Enquanto alguns começavam a se cansar desse retrocesso abaixo da barreira mítica dos 90.000 dólares, o rei das criptomoedas parece ter retomado seu cetro. Esse retorno não é por acaso. Insere-se num contexto de apaziguamento geopolítico, euforia monetária latente e fluxos institucionais que, embora não sejam espetaculares, são agora constantes. Em resumo, os planetas se realinham, e o bitcoin, como uma Fênix digital, renasce.

Bitcoin ultrapassa novamente os 93.000 dólares

Ele conseguiu. Ontem, o bitcoin conseguiu ultrapassar novamente a barreira simbólica dos 90.000 dólares, alcançando até esta manhã um pico de 93.573 dólares em Nova York. Uma ascensão espetacular de 4,7% no dia, que ocorre após um longo marasmo. Se nos basearmos nos fatos, esse novo topo coincide com um renovado otimismo sobre as tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China.

Por um lado, a retórica bélica de Trump contra o Fed está suavizando. Por outro, os mercados entreveem um sopro de paz tarifária. Resultado: o apetite por ativos de risco é reanimado, e o bitcoin se beneficia disso.

Segundo Ryan McMillin, diretor de investimentos da Merkle Tree Capital:

O ouro reage imediatamente ao crescimento monetário mundial (M2), enquanto o bitcoin segue com um atraso de 90 dias.

Em outras palavras: quando o ouro salta, prepare-se para ver o bitcoin explodir logo depois. No entanto, o ouro recuou esta noite após uma subida espetacular a 3.500 dólares — um indicativo, segundo McMillin, de uma possível transferência de capital para as criptos.

Os ETFs e as baleias despertam o mercado

Mas esse impulso não vem do nada. O principal catalisador desse reaquecimento altista continua sendo os fluxos de entrada nos ETF Bitcoin spot, que registraram 381 milhões de dólares de entradas líquidas somente no dia 21 de abril — um recorde desde janeiro. Esse renovado interesse institucional é ainda mais crucial pois compensa o relativo desengajamento dos pequenos investidores, que permanecem cautelosos.

No entanto, os números revelam outra verdade: esse rali é majoritariamente alimentado por produtos derivados, e não pelo mercado à vista. O open interest em futuros subiu 2,4 bilhões de dólares em menos de 36 horas, o que indica uma alavancagem em pleno funcionamento. Uma configuração potencialmente explosiva — para ambos os lados.

No aspecto dos fundamentos on-chain, a relação MVRV (Market Value to Realized Value) tenta se estabilizar acima de 2, um nível historicamente favorável a aumentos duradouros. Se essa dinâmica persistir, Hitesh Malviya, fundador da DYOR Crypto, estima que:

O bitcoin pode subir mais 70% a 80% nas próximas seis semanas.

Um sinal global em um mar de dúvidas

A atual dinâmica não se limita a uma disparada nos preços. Marca uma virada psicológica. O bitcoin não é mais apenas visto como um porto seguro excêntrico ou uma aposta especulativa, mas como uma ferramenta estratégica no centro dos grandes jogos monetários. À medida que a máquina de imprimir dinheiro mundial dispara — e a inflação ameaça se instalar de forma duradoura — os olhares se voltam para alternativas como o bitcoin.

Essa reversão também acontece num contexto onde as tensões geopolíticas, embora ainda presentes, parecem menos explosivas. O possível esfriamento da guerra tarifária entre China e Estados Unidos é um sinal que os investidores não puderam ignorar.

Dito isto, prudência é mãe de segurança. O bitcoin mostrou que pode descarrilar tão rápido quanto dispara. Os volumes nas plataformas de varejo ainda são tímidos, e os arbitrages entre ouro, ações e criptos permanecem altamente voláteis.

Só esta semana, 60 bilhões de dólares inundaram o mercado de criptomoedas, enquanto Wall Street sofria uma perda seca de 1,5 trilhão em um dia. As placas tectônicas das finanças estão em movimento. E o bitcoin, mais uma vez, parece ser o epicentro.