Bitcoin: Os analistas veem um futuro sombrio para os próximos meses

O bitcoin está sob crescente pressão desde o retorno da guerra comercial iniciada por Donald Trump. Embora muitos esperassem ver o ativo se desvencilhar da influência de Wall Street, a realidade alcança os mercados: a alta nas taxas de juros dos Treasury dos EUA freia o entusiasmo inicial.

Bitcoin e macroeconomia: um casamento forçado que persiste

A correlação entre o bitcoin e a economia americana nunca foi tão evidente. Apesar das esperanças de independência financeira, a cripto continua sensível a choques externos.

A recente queda do BTC abaixo de $78.000 em reação às novas tarifas alfandegárias americanas é a prova. Os mercados asiáticos e europeus tremeram, arrastando o bitcoin em seu rastro.

Os analistas são unânimes: falar em desacoplamento é prematuro. Lennix Lai, da OKX, destaca que o bitcoin continua profundamente integrado às condições de liquidez global.

Até o ouro, considerado um porto seguro, tem dificuldade em se desvincular das convulsões geopolíticas. A cripto, ainda percebida como um ativo especulativo, sofre as consequências das reversões de tendência.

No entanto, alguns veem uma oportunidade. Nick Ruck, da LVRG Research, acredita que o bitcoin poderá, a longo prazo, se consolidar como “o ouro digital” uma vez que seu valor intrínseco for melhor compreendido. Mas, por enquanto, os fundamentos do mercado – taxas sobre mineração, regulamentações imprevisíveis – continuam a pesar. A especulação domina, e os traders reagem instantaneamente.

A bomba-relógio das taxas americanas

Os rendimentos dos títulos do Tesouro de 10 anos atingiram 4,5%, um nível alarmante. Este aumento reflete uma desconfiança crescente em relação à dívida americana, mas também um aperto na liquidez. Para as criptos, é um sinal vermelho: quando o dinheiro se torna caro, os investidores fogem do risco.

Peter Schiff, economista conhecido por suas posições anti-Bitcoin, soou o alarme. Segundo ele, sem uma reversão imediata do Fed, os mercados podem sofrer um colapso comparável ao de 1987. Uma perspectiva que gela o sangue dos holders. Ainda mais porque, como observa Rachael Lucas, analista cripto, “quando as obrigações sobem e as ações caem, é porque o estresse financeiro está se instalando”.

O que fazer em um tal contexto? Os mais otimistas acreditam que a atual crise pode, paradoxalmente, fortalecer o bitcoin a longo prazo. Se as tensões comerciais se acalmarem, a cripto pode conhecer um rebote espetacular.

A esperança de um renascimento do interesse pelo bitcoin também ressurgi com a desvalorização do yuan. Por enquanto, o mercado continua sob pressão. A tempestade se aproxima, mas após a chuva vem o sol. Os sinais são preocupantes, certamente, mas a história do bitcoin já provou sua resiliência.