Bitcoin: O que muda com a eleição alemã?

As autoridades europeias são pouco favoráveis ao bitcoin, é um eufemismo dizer isso, mas a eleição alemã pode mudar o cenário.

Os alemães punem Olaf Scholz

O resultado da eleição alemã era muito esperado, dadas as dificuldades econômicas causadas pela decisão de abrir mão do gás russo.

Inicialmente prevista para 28 de setembro de 2025, a eleição foi antecipada devido ao colapso da coalizão governamental liderada pelos verdes, pelos socialistas do SPD e pelos liberais do pequeno partido FDP.

Desta vez, a tradicional aliança de centro-direita CDU/CSU saiu vitoriosa, seguida pelo partido Alternativa für Deutschland (AfD), equivalente ao Rassemblement National na França.

Enquanto o partido do chanceler Olaf Scholz (SPD) conquistou 206 cadeiras em 2021, agora atingiu apenas 120. Em contraste, o AfD passou de 83 para 152 cadeiras. A CDU/CSU ficou em primeiro lugar com 208 cadeiras.

No sistema eleitoral federal alemão, um único partido ou grupo parlamentar raramente conquista a maioria absoluta no Bundestag. A CDU/CSU obteve apenas 28,5% das cadeiras, assim a Alemanha terá que lidar novamente com um governo de coalizão.

À luz dos resultados, o exercício será difícil devido ao “Brandmauer”: a promessa dos partidos tradicionais de não formar coalizão com o AfD. Portanto, pode-se esperar várias semanas, ou até meses, de negociação política.

Uma coalizão pró-bitcoin?

O bitcoin foi um dos pontos de discórdia da coalizão de Olaf Scholz. O presidente do Partido Liberal FDP, Christian Lindner, criticou fortemente o chanceler por ter vendido mais de 50.000 bitcoins no verão passado a um preço médio de 57.600 dólares, enquanto um tsunami parece iminente no mercado.

O FDP defende uma política semelhante à dos Estados Unidos. Infelizmente, com menos de 5%, o FDP estará ausente do próximo Bundestag. Em contrapartida, com quase 21% das cadeiras, o AfD pode ter voz ativa, o que é potencialmente um bom sinal para o bitcoin.

O AfD apoia uma regulamentação não opressiva, o fim do imposto sobre ganhos de capital e se opõe às CBDCs. Sabendo que a legislação alemã já é muito mais favorável do que na França, pois ter seus bitcoins por mais de um ano permite evitar a tributação.

Dado o apoio visível de Elon Musk ao AfD, é muito provável que sua posição em relação ao bitcoin seja alinhada com a dos Estados Unidos. Sabendo que Washington nos reserva boas surpresas nesse sentido.

Rumores indicam que o governo de Donald Trump criará uma reserva nacional de bitcoins enquanto abolirá o imposto sobre ganhos de capital. E isso depois de já ter autorizado os bancos a manter bitcoins em nome de seus clientes.

Outro sinal inequívoco é que a maioria dos membros do governo Trump possui bitcoins. O que eles sabem que não sabemos…

Quem será o próximo chanceler?

Friedrich Merz, um ex-advogado de negócios e banqueiro multimilionário. Sua passagem pela BlackRock é encorajadora, pois o gigante do investimento é extremamente favorável ao bitcoin. Sua filiação ao Board of trustees do World Economic Forum é menos entusiasmente.

Tudo dependerá das cores da coalizão governamental. O Sr. Merz não hesitou em desencadear uma controvérsia há duas semanas depois de se apoiar no AfD para aprovar restrições à imigração. Centenas de milhares de pessoas foram às ruas para protestar.

E embora ele tenha prometido não formar uma coalizão com o AfD, menos da metade dos eleitores alemães acredita nisso, segundo The Economist. De fato, aliar-se ao SPD parece já fora de questão.

A segunda opção seria formar uma grande coalizão que poderia se revelar frágil. O Sr. Merz espera finalizar as negociações até a Páscoa (20 de abril). A terceira opção seria assumir uma aliança com o AfD.

Depois de tudo, o Sr. Merz declarou que poderia imaginar trabalhar em estreita colaboração com Giorgia Meloni, que está muito à direita no espectro político. Sem mencionar os Estados Unidos, que farão pressão a favor do AfD.

Enquanto as coisas não se definem, todos os olhares se voltam para Washington e sua reserva estratégica de bitcoins. Como a Europa poderia ficar de braços cruzados se os americanos abraçarem o bitcoin?

No lado francês, as coisas permanecem estagnadas, para ser curto. Nosso artigo sobre o assunto: Bitcoin: A França se ridiculariza um pouco mais